terça-feira, 17 de julho de 2007

POEMA panteísta


Porque o Sol brilha
Nalgum canto do Mundo,
Porque a Terra gira
E tudo é diferente a cada segundo,
Porque a vida nasce
E se desprende,
Porque as ondas do mar rebentam
E se refazem,
Porque o céu é o nosso tecto
E nos torna todos iguais,
Porque as estrelas são olhos que resguardam,
Maternais,
Porque os pássaros cantam
E todas as tristezas são fumo
Que um dia esmorece,
Porque nada na vida tem rumo
E o acaso leva sempre a melhor,
Porque a beleza dos momentos belos
É simplesmente indizível,
Porque o calor dos teus braços
É a estufa do meu sorriso,
Porque uma flor brota a cada hora
E um bebé pela primeira vez chora,
Porque há quem ame
E seja amado,
E porque somos irmãos na dor,
Porque a Lua é mágica e bela
Porque nunca se revela,
Porque as árvores se estendem mais alto
Que as guerras e a rotina,
Porque apesar de tudo
Há algo com vida em nós,
E porque somos afinal
Vulneráveis e imprevisíveis,
Porque ainda há água cristalina
Que nos embebe a sede,
Porque os olhos falam
E os teus são de mel,
Porque o universo é inteiro e secreto,
Porque há algo que permanece sempre
Nos mistérios da Humanidade,
Porque os deuses se moldam
Incapazes e ridículos
E porque a minha fé me leva além disto,
Por tudo isto
E porque tudo é inefável e silencioso,
Rezo nos meus risos
Uma prece
Tão muda de palavras
Quanto vibrante de vida,
E não peço nada;
Sorrio ao estranho
Que me olha... com estranheza
E as pedras da calçada sorriem,
Cúmplices da minha religião:
Que as Flores nasçam
E o Sol seja são.
Ámen.

1 comentário:

Anónimo disse...

FANTÁSTCO!!