domingo, 6 de abril de 2008

O Dilúvio

"Chovia
Chovia como se não houvesse amanhã
E os céus se abatessem sobre a Terra.

Eu queria dizer
Por favor não vás
Por favor fica
És importante para mim

O dilúvio na Terra
Estradas feitas de rios
Fica não vás
Não te quero perder

Mas decidida a fundir-se
nesta Veneza de caos
e morte

Ela pegou na prancha de body board
Para secar a sua amargura
para sempre
No vergastar das ondas
que lambem as ruas

Distante e derradeira

As palavras amarrotadas na garganta
Esmagando o peito
Colando-o ao chão

Fica não vás

Uma réstia de coragem
ou talvez amor

E as palavras jorram
Como a água que varre a rua
Soluçam ondas de palavras
Quebrando a areia seca do silêncio amargo

Fica não vás
Adoro-te tanto
Não sabes quanto
És o meu Sol, a minha Lua
Sem ti não sei quem sou
Fica não vás
Eu embebo a minha secura
No amor que escorre em mim
silencioso e mudo
Fica não vás
És tudo
És tudo

(Não mergulhes nessa rua escura)"

Soluço num sufoco
Soluço
Soluço e acordo
deste sonho que é o remorso
o remorso de escolher sempre as palavras erradas
Ignorando que as palavras certas são inesgotáveis
que não se subtraem,
mas que só se podem multiplicar.

Morremos e matamos
quando as calamos no silêncio
E as substituímos por gumes
Que ferem e rasgam
Não a pele, mas um pedaço do coração

1 comentário:

Anónimo disse...

Hum... este ainda não tinha lido... isto é que sou um namorado atento :P O Ser Humano é mesmo assim, quando está perto de quem gosta não sente saudades e às vezes fica "estupidamente" bloqueado em pensamentos distantes, que o afastam dessas pessoas que são tão importantes na sua vida. Resumindo, o quem cria a saudade somos nós, que insatisfeitos com tudo, fechamos os olhos nas ocasiões realmente importantes.
P.S.: Epá... esforçei os meus neurónios que estavam em repouso absoluto :P

Bjinhos!