Já chega
Vamos começar do zero, Tomás.
A nossa casa brilha como uma estrela num céu negro, vazio
À nossa volta já não há ninguém
Somos só nós,
Eu e tu, Tomás.
Abraço a tua fotografia na noite escura
Onde só o nosso lar brilha
E choro
Mas não deixo as lágrimas cair
Para que essa pequena chama não se apague.
Tomás
Fui ontem ver-te
O teu corpo transmudado em flores
Sorria-me, viçoso
E acariciei os teus lábios
Ao tocar ao de leve nas pétalas daquela flor.
A minha única âncora
A este sítio
Onde apenas a nossa casa brilha
É curiosamente aquilo que me faz voar
E desprender o meu pensamento daqui:
O sonho.
Sim,
Só o sonho me mantém presa à terra.
Um dia
Quando o sol corroer de vez a cor da tua fotografia
Tão linda
Tão muda
Tão ausente
Então a luz da nossa casa
Tremeluzindo
Apagar-se-á.
Nesta terra de almas penadas
Não se verá vivalma.
Depois, não sei o que acontece;
Mas a minha fé diz-me que nos reencontraremos
E abraço o teu corpo morno
As flores morrem
E desprendem-se da tua pele macia
E tu renasces-me nos braços
Há muitas estrelas a brilhar
Recomeçamos a vida do zero
E a morte,
Enfadada com a nossa vivacidade
Vai adormecer,
E nada entre nós vai voltar a morrer.
Mas a tua fotografia continua garrida
E aperto-a contra o peito
Na esperança de que renasças do chão,
Como um rebento do meu amor.
A outra vida que deus promete
Fica longe
E foi nesta que os nossos passos deixaram rasto
E sou demasiado fraca para abandonar as memórias
Que são aquilo de que me alimento.
4 de Fevereiro de 2004
Vamos começar do zero, Tomás.
A nossa casa brilha como uma estrela num céu negro, vazio
À nossa volta já não há ninguém
Somos só nós,
Eu e tu, Tomás.
Abraço a tua fotografia na noite escura
Onde só o nosso lar brilha
E choro
Mas não deixo as lágrimas cair
Para que essa pequena chama não se apague.
Tomás
Fui ontem ver-te
O teu corpo transmudado em flores
Sorria-me, viçoso
E acariciei os teus lábios
Ao tocar ao de leve nas pétalas daquela flor.
A minha única âncora
A este sítio
Onde apenas a nossa casa brilha
É curiosamente aquilo que me faz voar
E desprender o meu pensamento daqui:
O sonho.
Sim,
Só o sonho me mantém presa à terra.
Um dia
Quando o sol corroer de vez a cor da tua fotografia
Tão linda
Tão muda
Tão ausente
Então a luz da nossa casa
Tremeluzindo
Apagar-se-á.
Nesta terra de almas penadas
Não se verá vivalma.
Depois, não sei o que acontece;
Mas a minha fé diz-me que nos reencontraremos
E abraço o teu corpo morno
As flores morrem
E desprendem-se da tua pele macia
E tu renasces-me nos braços
Há muitas estrelas a brilhar
Recomeçamos a vida do zero
E a morte,
Enfadada com a nossa vivacidade
Vai adormecer,
E nada entre nós vai voltar a morrer.
Mas a tua fotografia continua garrida
E aperto-a contra o peito
Na esperança de que renasças do chão,
Como um rebento do meu amor.
A outra vida que deus promete
Fica longe
E foi nesta que os nossos passos deixaram rasto
E sou demasiado fraca para abandonar as memórias
Que são aquilo de que me alimento.
4 de Fevereiro de 2004
1 comentário:
é bonito.. mais uma vez.. as palavras não são mudas, são belas... não sei se passaste por uma perda deste género, espero que não e que nunca o venhas a sofrer.. mas tendo vivido essa perda ou não, a imagem da fotografia de cores garridas que mantém o passado presente... não é só poética e bela, é real..
agarramo-nos às fotos, aos objectos, ao que podemos tocar e perceber como real, para que não deixemos de acreditar que o passado aconteceu, para não pensarmos que foi um sonho.. é bom relembrar, e pensando bem.. tudo é passado, à medida que escrevo já escrevi... o presente é uma invenção.. e por mais que digam que não é saudável viver no passado, só o passado é real, o futuro não foi vivido, o presente é mito.. lol
não sei se tem muito a ver com o que pensaste ao escrever.. de qualquer modo, cada vez percebo mais as aulas de escrita criativa.. o autor escreve e a arte do autor está em permitir ao leitor encontrar sentidos, emoções..
para mim fez sentido, despertou emoções.. por isso, a meu ver.. missão cumprida :)
bjs** **
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