
O sol da meia-tarde a pousar no outeiro.
O teu corpo de meia-idade repousando no ventre materno.
Amanhã o sol voltará.
Tu não.
Nessa cova escura onde te deitaste
Ainda o sol não se tinha posto
Dormes um sono inquieto
Perturbado pelo peso do que não chegaste a fazer
Nem ousaste sonhar
E o peso da terra verga sobre ti
Agora é tarde de mais para sonhar
O sol cai mas amanhã ergue-se de novo.
Tu morres para sempre
E nem a tua memória perdurará para além do sopro angustiado
Daqueles que julgaram amar-te
Os sonhos são o único nada que vale a pena
Dorme em paz
Já nada vale o arrependimento e a mágoa
Já nada podes
Amanhã é ontem para ti
Inspirar a terra é a tua única ambição.
O sol nasce todos os dias.
Tu nasces uma vez e morres,
Folha que caiu da árvore
E que já não dá para colar...
4 de Fevereiro de 2004
1 comentário:
isto foi escrito por ti? uau, nem sei que diga.. o que as aulas de escrita criativa nos ensinam.. ou nao loool é mm a segunda, o "ou não" porque esse jeito para as palavras não é só jogo de atirá-las para o papel.. vai-se a ver e até existe uma poesia pensada, sentida looool o texto é muito bonito.. embora deva dizer que entristece e espero que não tenhas precisado de sofrer para o escrever ... bjs***
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