terça-feira, 7 de agosto de 2007

O sol da meia-tarde...


O sol da meia-tarde a pousar no outeiro.

O teu corpo de meia-idade repousando no ventre materno.

Amanhã o sol voltará.

Tu não.

Nessa cova escura onde te deitaste

Ainda o sol não se tinha posto

Dormes um sono inquieto

Perturbado pelo peso do que não chegaste a fazer

Nem ousaste sonhar

E o peso da terra verga sobre ti

Agora é tarde de mais para sonhar

O sol cai mas amanhã ergue-se de novo.

Tu morres para sempre

E nem a tua memória perdurará para além do sopro angustiado

Daqueles que julgaram amar-te

Os sonhos são o único nada que vale a pena

Dorme em paz

Já nada vale o arrependimento e a mágoa

Já nada podes

Amanhã é ontem para ti

Inspirar a terra é a tua única ambição.

O sol nasce todos os dias.

Tu nasces uma vez e morres,

Folha que caiu da árvore

E que já não dá para colar...
4 de Fevereiro de 2004

1 comentário:

Anónimo disse...

isto foi escrito por ti? uau, nem sei que diga.. o que as aulas de escrita criativa nos ensinam.. ou nao loool é mm a segunda, o "ou não" porque esse jeito para as palavras não é só jogo de atirá-las para o papel.. vai-se a ver e até existe uma poesia pensada, sentida looool o texto é muito bonito.. embora deva dizer que entristece e espero que não tenhas precisado de sofrer para o escrever ... bjs***