terça-feira, 21 de agosto de 2007

Soneto desconsertado




Foi como atirar uma pedra a um lago
E não ver absolutamente nada.
Só sentir na pele
O lodo que se despega do lago
E se pega à pele,
À tua pele.
Foi como semear
(e quem semeia
tem esperança
que algo nasça)
E colher a mágoa
Do que não nasceu.
Arrancar, colher um vácuo das entranhas da Terra,
Frustração.
O fruto mais amargo
É o que não chegou a ser provado.

O desconserto é um soneto
Sem cânone
E esta sensação
De ser aleatória
E de ter membros assimétricos.

E eu suporto que os espinhos da rosa
Me rasguem a pele,
Mas se a rosa não tem pétalas
O coração é uma folha amarga
Que cai e se pisa
Porque já não serve para nada.



17.11.2002

1 comentário:

Anónimo disse...

gostei do finalzinho :) a última quadra do "soneto"... triste mas bonito... será que para haver beleza tem de se roçar sempre a tristeza, nem que seja ao de leve?

lol